“Assim o homem de Deus será perfeito, bem preparado para todas as boas obras” (2 Tim 3, 17)

O contexto da carta de São Paulo, escrita a Timóteo, mostra-nos que a Sagrada Escritura, Palavra de Deus versada em letras, tem como objectivo a perfeição do homem. Objectivo esse que só pode ser alcançado pela apropriação do Espírito de Deus, que permite que essas mesmas letras sejam vivas e eficazes, concretizando-as no coração de cada um.

Desde a sua génese, a fé cristã afastou-se de uma compreensão da vida cristã como algo que permitiria a alguém ser apenas “menos mau”. “Ser bonzinho”, como diz a gíria popular, não exige, na verdade, a conversão do coração à Palavra de Deus.

Na verdade, esse é um passo diferente, mais profundo, que requer a mudança integral de toda a vida, a fim de se adequar a tudo o que está contido na Revelação. Não é possível, exactamente por isso, haver uma apropriação parcial da Sagrada Escritura, na medida em que Ela precisa ser acolhida na sua totalidade.

E esse é um processo que se há-de distender no tempo, porque haverá sempre espaços no nosso coração a serem transformados, justamente por não se coadunarem ainda com a perfeição a que o próprio Deus nos chama e para a qual fomos criados.

A grande questão é tão simplesmente esta: queremos ser bonzinhos, ou queremos ser salvos?

Padre Miguel Rodrigues

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